quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O PORQUE DO UNIFORME NA UMBANDA

Na Umbanda, Sopro Divino que a todos refresca, o personalismo ou destaque individual é algo que jamais deverá existir. Somos meros veículos de manifestação da Espiritualidade Superior e, a par disto, devemos sempre nos mostrar coletivamente, sem identificações pessoais ou rótulos, tão somente como elos iguais de mesma força e importância, neste campo de amor e caridade denominado Umbanda. 

Concordamos que a espiritualidade para se manifestar, necessita tão somente da santidade das intenções, mente equilibrada, corpo são e moral elevada, não se atendo a vestimentas. Mas, vamos nesse artigo, explicar as razões da Umbanda em utilizar roupas brancas em sua ritualística. 


Uma das diretrizes trazidas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, por ocasião da anunciação da Umbanda no plano físico, evento histórico ocorrido em 15/16 de novembro de 1908, em Neves, São Gonçalo – RJ, é a 
que diz respeito à IGUALDADE. 


Sabemos que na atual sociedade, com valores deturpados ou invertidos, é comum as pessoas avaliarem umas as outras, não pelo grau da espiritualidade, caráter, boas ações ou honestidade, mas sim pelo que 
se apresenta ou ostenta a nível de posses. 


Dentro deste contexto é corriqueiro, embora extremamente falho, valorizar ou conceituar os habitantes deste planeta tendo como base a apresentação pessoal externa do indivíduo, ao invés de se atentar para 
os qualificativos internos (subjetivos). Priorizam-se bens materiais em detrimento das virtudes. E é justamente por isto que a Umbanda adotou o vestuário uniforme (branco, é claro), para que alguns assistentes, ainda enraizados a equivocados conceitos, não tenham como dar vazão aos seus distorcidos juízos de valor. 


Assim, quem adentra por um Templo Umbandista na esperança de cura ou melhora de seus problemas jamais terá a oportunidade de identificar no corpo mediúnico, todos com trajes iguais, eventuais ou supostas 
diferenças intelectuais, culturais e sociais. Não terá a oportunidade de saber que por trás daquela roupa ritualística se encontra um engenheiro, um diplomata, um rico empresário, um camelô, ou uma empregada doméstica. 


Porque há quem vincule a eficácia de um socorro espiritual tomando por parâmetro o próprio médium através do qual a Entidade Espiritual se manifesta. Se o medianeiro atuasse nas sessões espírito-caritativas 
com trajes civis, as pessoas que pensam da forma retro-citada passariam a tentar avaliar o grau de intelectualidade, de situação financeira, social, etc., pela qualidade do vestuário apresentado pelos médiuns. Então, médiuns calçando sapatos de fino couro, camisase calças de marcas famosas seriam facilmente identificados e 
preferencialmente procurados. Outros tantos, humildes na sua apresentação, seriam deixados em segundo plano. 


Observem em reuniões de certos segmentos religiosos que criticam a Umbanda, o que acontece durante seus cultos. Desfiles de roupas de grife, ternos arrojados, calçados importados, em verdadeira hemorragia 
de vaidade e auto-afirmação. Estes que assim se apresentam são o centro das atenções, admirações, bajulações e exaltações, enquanto aqueles que não têm condições financeiras de se vestir amargam a 
indiferença e o ostracismo. Em nossa religião isto não acontece (em Templos de Umbanda sérios!), porque mesmo aquele que se apresenta em trajes suntuosos terá que necessariamente substituí-los por um 
uniforme, uniforme este igual ao que é utilizado por um biscateiro, uma dona-de-casa ou um desempregado, durante as sessões de terreiro.


Na Umbanda, Sopro Divino que a todos refresca, o personalismo ou destaque individual é algo que jamais deverá existir. Somos meros veículos de manifestação da Espiritualidade Superior e, a par disto, 
devemos sempre nos mostrar coletivamente, sem identificações pessoaisou rótulos, tão somente como elos iguais de mesma força e importância,neste campo de amor e caridade denominado Umbanda. 


Os que se colocam contra o vestuário uniforme dos médiuns umbandistas são aqueles mesmos que, não tendo conhecimento sobre a ação nefasta de certos fluidos etéreo-astrais sobre a matéria, estando em lugares ou 
com pessoas portadoras de magnetismo inferior, ao chegarem nos Centros (kardecistas) para darem passes sem tomar banho e trocar de roupa, estão impregnados de cargas fluídico-magnéticas densamente negativas 
que, por conseguinte, interferem no campo áurico e perispiritual dos médiuns, simplesmente acabam, através da imposição e dinamização dasmãos, passando ao assistente toda ou parte daquela energia inferior 
que carrega. 

Na Umbanda, o uniforme do médium ou está no vestiário do Templo, e, portanto dentro do cinturão de defesa do mesmo, ou está em casa, sendo lavado e passado, longe do contato direto com as forças deletéricas. 


Vestimenta ritualística umbandista é sinônimo de igualdade e de higiene astral-física. 


Grupo Espírita Cabocla Jurema de Oxalá com adaptação do Pai Juruá 



VESTIMENTAS NA UMBANDA 


São palavras textuais de Zélio de Moraes (médium do senhor Caboclo das 
Sete Encruzilhadas, iniciador da Umbanda, em 1.908): 


• Capacetes, espadas, adornos, vestimentas de cores, rendas e lamês 
não são aceitos nos Templos que seguem a sua orientação. O uniforme é 
branco, de tecido simples. 


No inicio, as vestimentas das mulheres eram pouco práticas (utilizavam 
vestidos). A Umbanda atualmente utiliza-se de vestimentas práticas e 
confortáveis. 


Observa-se a total predominância do branco, pois essa cor é 
irradiante, não absorvendo, pois as energias negativas tanto de 
ambientes quanto de pessoas, bem como é uma cor que simboliza limpeza, 
higiene, pureza, paz, humildade, simplicidade, além de propiciar aos 
médiuns uma sensação de “leveza”. Tudo deve ser simples, com conforto 
e praticidade. Lembre-se que os Guias Espirituais são humildes, 
portanto, desprovidos de vaidade. 


Quanto ao tipo de vestimenta, também se requer comodidade. Não 
observamos nos dias atuais, no culto Umbandista, roupas específicas às
linhas de trabalho, muitas vezes excêntricas e coloridas, e sim, 
roupas uniformizadas que são utilizadas tanto nas incorporações de 
Orixás, Guias Espirituais ou Guardiões. Basicamente observamos o 
seguinte: 


Médiuns masculinos: Túnica e calça branca de algodão (por ser este 
tecido natural, obtido através da flor do algodão e favorecer uma 
transpiração adequada), sem bolso, e geralmente fechado com botões até 
a altura do pescoço. A túnica deve ter o comprimento aproximado de um 
palmo acima do joelho. A calça, por comodidade e praticidade, não 
deverá ter bolsos atrás, mas sim, dispostos nas laterais, um palmo 
acima dos joelhos (pode-se guardar qualquer objeto sem medo de 
amarrotar). 


Médiuns femininos: Os mesmo utilizados acima, exceto que nas 
incorporações de Guias Espirituais tais como: Pretas Velhas, Baianas, 
Boiadeiras, Ciganas, e Guardiãs pode-se utilizar saias longas e 
levemente rodadas, mas, simples e brancas (quando da incorporação 
dessas entidades, a médium já deverá ter a saia em mãos e colocá-las 
por cima da calça, dentro do ambiente de trabalho, um pouco antes da 
vinda das Entidades Espirituais, não havendo a necessidade de sair 
para trocar-se). 


Outra coisa importante é o uso de turbantes, simples, por parte das 
mulheres. Os homens também utilizam uma cobertura para a coroa, do 
tipo que os judeus ou os muçulmanos utilizam (conhecidos como quipá). 
O uso dessas coberturas se faz necessária pelo fato dos médiuns não 
necessitarem ir a um cabeleireiro ante de ir trabalhar no Templo 
(vaidade) e também proteger a sua coroa (chacra coronal) da possível 
infestação de alguns tipos de bactérias espirituais, oriundas dos 
atendimentos. Agora, o mais importante é que com a cabeça coberta, 
todos somos iguais perante Deus, Suas Hierarquias e seus irmãos de fé. 


Não serão admitidos uniformes modelando o corpo do médium (agarrado). 


De forma alguma, os médiuns masculinos incorporados por Guias 
Femininos utilizam saias e outros adereços femininos. 


Também observamos em muitos Templos a utilização de um pano branco no 
pescoço (conhecido como “tolha de cabeça”), que serve tanto para 
“bater a cabeça”, quanto a cobrir a cabeça (por respeito) nas 
incorporações de determinados Orixás. Nessas toalhas geralmente tem 
pontos bordados, representativos das linhagens de trabalho do médium e
da casa que trabalha. Jamais deverá usar essas toalhas para enxugar 
suor, nariz ou outra coisa qualquer que não se refira a 
espiritualidade. Para isso é bom ter uma toalhinha branca, presa na 
calça, utilizada somente para higiene. 


Em nosso Templo, utilizamos um pano branco no pescoço, de 
aproximadamente 40 cm de largura, por 1,50 m de comprimento, somente 
para identificar que ali esta um Guia Espiritual incorporado, para 
auxiliar a identificação tanto para os médiuns quanto para a 
assistência. Esse pano é de tecido natural (preferencialmente algodão) 
sem nenhum ponto bordado, para evitar abusos e vaidades. 


Adotamos tão somente o bordado com o símbolo do Templo, do lado 
esquerdo da túnica. 


Quando os médiuns forem para os trabalhos espirituais no Templo, nunca 
deverão sair de casa vestidos com o uniforme para que este não sofra 
infestação de espécie alguma, de larvas astrais e mesmo mentais, pelos 
lugares que passarem. Também pode ocorrer dos uniformes ficarem sujos 
e amarrotados, demonstrando que o médium é desleixado e sem higiene. O 
uniforme deverá estar impecavelmente limpo e passado. 


Os uniformes utilizados durante os trabalhos espirituais devem ser 
lavados em separado da roupa comum da casa, pelo fato de muitas vezes 
estarem impregnados com larvas astrais e miasmas, adquiridos durante 
os atendimentos. 


É de bom alvitre que os médiuns se troquem ao sair do Templo. Se não 
puder, ao chegarem em casa imediatamente retire o uniforme, evitando 
sentar em sofás ou mesmo em camas 


Coloque o uniforme de molho em uma solução de água com sal grosso, 
para no outro dia, lavá-lo normalmente, e se possível utilizar um 
germicida (cloro), e na última enxaguada colocá-lo de molho em uma 
solução de água com seiva de alfazema. Depois de terminada a operação, 
é importante secá-los ao sol, de preferência de manhã. Aos que morarem 
em apartamento, deve-se colocá-los para secar bem junto da janela. 


De vez em quando, os médiuns deverão fazer uma revisão em seu 
vestuário religioso, observando se não estão encardidos, descosturados 
ou mesmo rotos. 


Observar também a devida feitura da barra das calças, deixando na 
altura correta evitando dobrá-las, pois demonstra desleixo. 


Os uniformes utilizados nos Templos, jamais devem ser usados para 
outro fim a não ser o religioso. 


Em dias de atendimento ao público, os médiuns deverão utilizar o 
uniforme completo (túnica e calça). Um Giras fechadas (desenvolvimento 
ou mesmo outras atividades onde estarão somente os médiuns), poderão
ao invés da túnica, usar uma camiseta com o símbolo do Templo. 


Cada vez mais, nos rituais de Umbanda, busca-se a praticidade, 
abandonando-se velhas “tradições”, que ainda perpetuam adaptadas, 
imitando o Candomblé, de se adotar roupas e cores específicas aos 
Orixás incorporados. Bem como o de alguns Templos de Umbanda, que nas 
giras específicas, como por exemplo, na Gira de Caboclos usarem a cor
verde e cocares,; nas giras de Baianos os tradicionais chapéus de 
couro e cartucheiras; nas giras de Boiadeiros o gibão e esporas; nas 
giras da Guardiões roupas extravagantes, pretas e vermelhas, (ou sem 
roupa (sic)), etc. 


Em todos os trabalhos mediúnicos na Umbanda a roupa utilizada deve ser 
branca. 


Em trabalhos espirituais, o médium umbandista deve abolir totalmente o 
uso de enfeites e apetrechos desnecessários, que caracterizam o 
pretenso regionalismo da entidade espiritual quando encarnada. Não 
devemos nos esquecer, que os espíritos não têm vaidade; fora a roupa 
branca e simples, todo o resto é fruto da mente e da vaidade do médium
e não do Guia Espiritual. 


Outra coisa que achamos ser de muita valia, seria um “porta objetos de 
uso”, que seria, ao invés de uma sacolinha que geralmente fica no 
chão, uma maleta, tipo de guardar ferramentas, de plástico, com o nome
do médium na lateral. Facilita e em muito, pois nessa maleta cabem 
muitas coisas que geralmente o médium utiliza em seus rituais, bem 
como tudo o que o Guia Espiritual necessita. Essa maleta, geralmente 
ficaria encostada na parede, dentro do Congá e quando um Guia 
Espiritual necessitasse de alguma coisa, o cambono identificaria 
rapidamente a maleta do médium, e pegaria o que se necessita. É 
pratico limpo e de fácil manuseio. 


A Umbanda caminha para a unificação, pois hoje é sabido que mais 
importante que a vestimenta, que é a apresentação externa é a condição 
interna, moral e fé dos filhos e dos sacerdotes. 

Trecho extraído do livro: O ABC do Servidor Umbandista – Pai Juruá

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